terça-feira, 21 de outubro de 2008

A gente queria muito saber de nada sobre a morte do diretor de bangu 3


por Deley de Acari (poeta e animador cultural)


Quando a gente diz que sabe alguma coisa, dizem que a gente é metido a saber de tudo por isso que bom seria que a gente fosse burro mesmo e não soubesse de nada.
mas acontece que a gente sabe e saber sobre isso não dá nenhum orgulho ou soberba, pelo contrário só angústia e medo porque da favela a gente é impotente, não pode fazer nada pra evitar que o pior aconteça, enquanto o movimento de direitos humanos, inclusive os defensores dos direitos dos presos que podem fazer alguma coisa, pra prevenir ou evitar o pior, olham e ouvem com desprezo e e ar desqualificante nosso saber adquirido no sofrimento e na dor de ter amigos, filhos, parentes presos.

E, quando a gente diz o que a gente sabe o que vai acontecer acham que a gente sabe porque tem envolvimento com tráfico, com quem tá na cadeia, como se conhecer e saber de direitos humanos só tem legitmidade e "valor" científico se for um conhecer e saber construído e sistematizado através de tratados, relatórios, pesquisas "academizados" ou onguizados.

Mas e daí, não é mesmo? Afinal, não importa o que a gente sabe, nas favelas, nas portas das cadeias, ou só importa pra ser negado, ou ser questionado e ou "reformatado" de acordo com os parametros científicos dos direitos humanos formais.

Mas uma vez, corro o risco de ser acusado de impertinente, incoveniente e desrespeitoso com a companheirada dos direitos humanos, mas não dá pra ficar "mudo" diante da inércia do/as compas diante do previsível e evitável, que acaba de acontecer: a reação violenta, covarde e injusta do "sistema penal" como represália a morte do tenente-coronel pm zé lourenço, diretor do bangu 3:

Agora há pouco, os agentes penitenciarios, em assembléia, acabam de suspender, por tempo indeterminado, as visitas dos presos de todas as cadeias do cv.
não dá nem pra questionar quem tem autoridade pra suspender visitas, punir presos ou suas famílias, se a vara de execuções penais, se a secretaria de justiça ou de administração penitenciária e não os funcionarios do desipe, ou organização trabalhistas.
quem manda e desmanda, tortura, humilha, constrange, viola e desrespeita os direitos dos presos e suas famílias nas cadeias são os carcereiros mesmo e acabou.

que eles iam arrumar um jeito de punir e sacanear de forma injusta e covarde todos os presos do cv e suas famílias já era mais que previsível e sabível. Mesmo havendo fundadas suspeitas de que, a máfia das quentinhas, e não o cv, pode ser responsavel pela execução do diretor.
Mas, e se for o cv? foram os mais de 15 mil presos e suas familias que estão nas chamadas cadeias do cv que tramaram e executaram o diretor de uma das cadeias?
se foram um, dois três mandantes e sei lá quanto apertadores dos gatilhos?...
os milhares e milhares de justos devem pagar por uma meia dúzia de pecadores?

parece que não só o sistema penal acha que sim. Mas a julgar pelo silêncio, pelo omissão, por deixar a vingança/represalia do estado policial-militar penal acontecer sem tentar evitar quem deveria e poderia agir também de repente começou a achar também.

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