O Observatório da Indústria Cultural apresenta-se como uma proposta de constituição de um espaço crítico e reflexivo sobre uma área da atividade humana que hoje experimenta, em níveis inéditos, o avanço do capital: a produção cultural. O termo indústria cultural já aponta para esse vínculo entre cultura e produção capitalista e para a necessidade de fomentar uma práxis que se contraponha a esse poderoso instrumento do capital para garantir sua hegemonia. Assim, longe de se apresentar como uma esfera neutra e distante dos conflitos sociais, a cultura emerge como arena da luta de classes, como um espaço de disputa por hegemonia e de formulação de visões de mundo contra-hegemônicas.
Segundo Frederic Jameson, a lógica cultural que corresponde ao atual estágio do capitalismo é o pós-modernismo. No capitalismo tardio, a esfera da mercadoria se amplia imensamente e a cultura se torna um produto a ser consumido cada vez mais avidamente, num processo de estetização radical da realidade. Dizendo de outra maneira, a produção estética se encontra cada vez mais integrada à produção de mercadorias em geral. (Jameson, 2004)
Concretamente, tal processo resulta em criações culturais fragmentadas, muitas vezes conformistas, que não portam visões de mundo totalizantes que permitam aos sujeitos históricos reconstruir sentidos e pensar criticamente sobre a realidade em que se inserem. O caótico, o aleatório, o nonsense apontam para uma perspectiva que apresenta uma condição histórica esvaziada do sentido de processo, sem passado e, portanto, sem um futuro que possa ser transformado. O que existe é um presente incompreensível, o capitalismo naturalizado e percebido pela ótica do consumo.
Nesse contexto, as potencialidades criativas da reprodutibilidade técnica encontram-se encapsuladas pelo grande capital, na forma dos conglomerados da comunicação e do entretenimento. De acordo com Dênis de Moraes,
“A mídia global está nas mãos de duas dezenas de conglomerados, com receitas entre US$ 8 bilhões e US$ 40 bilhões. Eles veiculam dois terços das informações e dos conteúdos culturais disponíveis no planeta. São proprietários de estúdios, produtoras, distribuidoras e exibidoras de filmes, gravadoras de discos, editoras, parques de diversões, TVs abertas e pagas, emissoras de rádio, revistas, jornais, serviços on line, portais e provedores de internet, vídeos, videogames, jogos, softwares, CD-ROMs, DVDs, equipes esportivas, megastores, agências de publicidade e marketing, telefonia celular, telecomunicações, transmissão de dados, agências de notícias e casas de espetáculos.
“AOL-Time Warner, Viacom, Disney, News, Bertelsmann, NBC-Universal, Comcast e Sony, as oito primeiras do ranking de mídia e entretetenimento, têm idênticas pretensões de domínio: estar em toda parte, a qualquer tempo, para exercer hegemonia.” (Moraes, 2006:9-10)
A tarefa de criticar a indústria cultural torna-se, nesse cenário, fundamental para projetos políticos que se definam como anticapitalistas. No entanto, ela não deve se limitar a uma negação dessa indústria, mas também incluir a formulação de propostas e iniciativas que possam apresentar alternativas à cultura hegemônica ditada hoje pelo capitalismo. Para tal, o Observatório da Indústria Cultural pretende congregar pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, militantes de movimentos sociais, artistas e produtores culturais pertencentes ao campo crítico, bem como universidades, organizações políticas, etc. O intuito é desenvolver atividades de pesquisa e divulgação científica voltadas ao acompanhamento da indústria cultural, atividades de extensão universitária com foco no público de movimentos sociais, e promoção de manifestações culturais em diferentes campos, envolvendo a universidade e diversos segmentos da sociedade.
Desse modo, se torna possível articular iniciativas culturais e produções teóricas contra-hegemônicas, no sentido de uma conjugação entre teoria e prática que aponte de fato para a construção de uma práxis cultural anticapitalista.
É preciso fazer aqui uma referência a Walter Benjamin em suas “Teses sobre o conceito de História”: “nunca houve um monumento da cultura que não fosse também um monumento da barbárie. E, assim como a cultura não é isenta de barbárie, não o é, tampouco, o processo de transmissão da cultura. Por isso, na medida do possível, o materialismo histórico se desvia dela. Considera sua tarefa escovar a história a contrapelo”. Essa tarefa requer reviver no presente a tradição dos vencidos, daqueles que foram derrotados no processo histórico, mas que deixaram como herança suas lutas para os oprimidos de hoje. Nesse sentido, é fundamental construir caminhos, teóricos e práticos, que permitam a liberação da experiência criativa humana dos grilhões do mercado.
Segundo Frederic Jameson, a lógica cultural que corresponde ao atual estágio do capitalismo é o pós-modernismo. No capitalismo tardio, a esfera da mercadoria se amplia imensamente e a cultura se torna um produto a ser consumido cada vez mais avidamente, num processo de estetização radical da realidade. Dizendo de outra maneira, a produção estética se encontra cada vez mais integrada à produção de mercadorias em geral. (Jameson, 2004)
Concretamente, tal processo resulta em criações culturais fragmentadas, muitas vezes conformistas, que não portam visões de mundo totalizantes que permitam aos sujeitos históricos reconstruir sentidos e pensar criticamente sobre a realidade em que se inserem. O caótico, o aleatório, o nonsense apontam para uma perspectiva que apresenta uma condição histórica esvaziada do sentido de processo, sem passado e, portanto, sem um futuro que possa ser transformado. O que existe é um presente incompreensível, o capitalismo naturalizado e percebido pela ótica do consumo.
Nesse contexto, as potencialidades criativas da reprodutibilidade técnica encontram-se encapsuladas pelo grande capital, na forma dos conglomerados da comunicação e do entretenimento. De acordo com Dênis de Moraes,
“A mídia global está nas mãos de duas dezenas de conglomerados, com receitas entre US$ 8 bilhões e US$ 40 bilhões. Eles veiculam dois terços das informações e dos conteúdos culturais disponíveis no planeta. São proprietários de estúdios, produtoras, distribuidoras e exibidoras de filmes, gravadoras de discos, editoras, parques de diversões, TVs abertas e pagas, emissoras de rádio, revistas, jornais, serviços on line, portais e provedores de internet, vídeos, videogames, jogos, softwares, CD-ROMs, DVDs, equipes esportivas, megastores, agências de publicidade e marketing, telefonia celular, telecomunicações, transmissão de dados, agências de notícias e casas de espetáculos.
“AOL-Time Warner, Viacom, Disney, News, Bertelsmann, NBC-Universal, Comcast e Sony, as oito primeiras do ranking de mídia e entretetenimento, têm idênticas pretensões de domínio: estar em toda parte, a qualquer tempo, para exercer hegemonia.” (Moraes, 2006:9-10)
A tarefa de criticar a indústria cultural torna-se, nesse cenário, fundamental para projetos políticos que se definam como anticapitalistas. No entanto, ela não deve se limitar a uma negação dessa indústria, mas também incluir a formulação de propostas e iniciativas que possam apresentar alternativas à cultura hegemônica ditada hoje pelo capitalismo. Para tal, o Observatório da Indústria Cultural pretende congregar pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, militantes de movimentos sociais, artistas e produtores culturais pertencentes ao campo crítico, bem como universidades, organizações políticas, etc. O intuito é desenvolver atividades de pesquisa e divulgação científica voltadas ao acompanhamento da indústria cultural, atividades de extensão universitária com foco no público de movimentos sociais, e promoção de manifestações culturais em diferentes campos, envolvendo a universidade e diversos segmentos da sociedade.
Desse modo, se torna possível articular iniciativas culturais e produções teóricas contra-hegemônicas, no sentido de uma conjugação entre teoria e prática que aponte de fato para a construção de uma práxis cultural anticapitalista.
É preciso fazer aqui uma referência a Walter Benjamin em suas “Teses sobre o conceito de História”: “nunca houve um monumento da cultura que não fosse também um monumento da barbárie. E, assim como a cultura não é isenta de barbárie, não o é, tampouco, o processo de transmissão da cultura. Por isso, na medida do possível, o materialismo histórico se desvia dela. Considera sua tarefa escovar a história a contrapelo”. Essa tarefa requer reviver no presente a tradição dos vencidos, daqueles que foram derrotados no processo histórico, mas que deixaram como herança suas lutas para os oprimidos de hoje. Nesse sentido, é fundamental construir caminhos, teóricos e práticos, que permitam a liberação da experiência criativa humana dos grilhões do mercado.
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